Esse foi um dos textos mais difíceis para eu escrever. Quase desisti dele, pois não tive um grande erro acima dos outros que me orientou ou trouxe grandes ensinamentos para tomadas de decisão. Eu tive vários erros que foram me ajudando em tomadas de decisão. Então, vou escrever aqui não sobre um momento, mas quatro pontos que percebi com os meus erros.
Primeiramente, não é fácil identificar o que é erro ou não é. Será que eu errei na escolha da minha faculdade? Essa é uma pergunta que muitos se fazem e me fiz também. O caminho que optei por seguir foi: mudanças de rumo precisam de evidências. Não tinha essas evidências e prossegui com a graduação em economia, mesmo não amando macroeconomia e finanças. Felizmente, a estatística e a microeconomia sorriram para mim.
Outro aspecto super importante é saber tomar risco, “se dar chance para errar”. Um grande acerto profissional meu ocorreu por ter me dado isso quando saí de uma instituição que havia sido promovido há pouco tempo para fazer consultorias e puxar um blog para ajudar jornalistas a trabalhar com dados em educação sem o apoio de nenhuma instituição. Muitos poderiam achar um erro, enquanto eu tratava apenas de planejar e trabalhar para que não fosse. Cresci profissionalmente e consegui dar visibilidade ao meu trabalho, conseguindo ter vários estudos publicados em jornais e revistas.
Algo muito importante para errar pouco ou gerenciar seus erros é se conhecer. Quando entrei na fundação, ainda com 24 anos, estava muito preocupado em seguir crescendo profissionalmente, o que gera uma ansiedade. Sabia disso, e no ano seguinte fiz um processo para um mestrado profissional, que me daria um crescimento e me ajudaria a não ficar pilhado em oportunidades profissionais para buscar.
Por fim, um quarto aspecto que destacaria é: um erro, uma decisão, não precisam ser mudados de um dia para o outro. Se você percebeu que está em um projeto inadequado, que gostaria de fazer outra coisa, que errou, é sempre importante ver qual o caminho mais correto e quando a mudança que deseja é possível. O erro só pode ser corrigido se é claro o impacto que suas novas ações terão para você e para as pessoas que foram impactadas pelo seu erro.
O que quero deixar como mensagem nesse texto é que não é trivial saber o que é certo e o que é errado. Para isso, é importante se cercar de pessoas que te ajudem nas suas reflexões. Quando mesmo assim não souber considere assumir riscos, mas considerando o autoconhecimento que tem sobre você mesmo. E, se perceber que errou, faça o certo que te ajudará a corrigir o erro ou minimizar o dano dele e não o certo pelo que algumas pessoas acham que é certo.
Alguns diriam que eu errei, pois trabalho com educação e fiz graduação em economia, sempre trabalhei com pesquisa e demorei quase cinco anos depois da graduação para entrar no mestrado e por que virando gerente de projetos no último ano me afastei da produção de pesquisas.
Eu vejo que consegui trazer um background da economia muito importante para se analisar a educação, que fiz meu mestrado em gestão e políticas públicas já tendo uma boa visão dos desafios na área de educação, podendo assim aproveitar bem o curso, e, por fim, que passei a entender melhor toda a dinâmica de educação e de como gerar impacto gerindo vários projetos. Errar é humano e a gente sempre cometerá muitos erros, mas caberá a nós fazermos desses erros acertos para nós e para a vida das pessoas que estão à nossa volta.
Ernesto Martins Faria
Economista e mestre em gestão e políticas públicas, faz pesquisas na área da educação desde 2007. Na Fundação Lemann, coordenou o desenvolvimento do portal Qedu e da série de estudos Excelência com Equidade entre outras iniciativas. É escritor e praticante de tênis nas horas vagas e adora passear com a sua mãe e os cachorros dela.